RENÉ KAECH

O Doutor René Kaech, antigo presidente e fundador da Associação Suiça dos Escritores Médicos ASEM, presidente também da UMEM e co-fundador da FISEM – que passou a chamar-se depois de Debrecen e Lucerne, a UMEM – nasceu em Paris, filho de pais suiços.
O local de nascimento bem como as suas origens valdenses do lado da avó marcaram a sua francofonia, mesmo quando as suas relações familiares com a Prússia o aproximaram da cultura alemã.
Frequentou as escolas de Paris, Génova e Lugano, onde em 1928 concluiu o seu bacharelato, seguido de estudos em jurisprudência em Berlim e Berna e depois estudou a medicina em Berna, Lausana, Genebra, onde também fez a sua especialização em psiquiatria.
Entre 1944-72 trabalhou para a Ciba, em Basileia, Lisboa e Rio de Janeiro. A sua eloquência, falando várias línguas, entre elas o português, atribuía-lhe um charme retórico internacional.
Depois de 1953, o seu domicílio familiar passou a ser em Basileia.
Dois filhos escolheram a medicina como profissão.
A sua obra literária compreende romances e edições líricas, a maior parte em francês, o que lhe permitia ser mais conhecido como escritor nas regiões francófonas, apesar de apresentar trabalhos na UMEM em alemão.
A sua cooperação ao Comité director da UMEM trouxe-lhe grandes amizades.
Os alemães da BDSA, nomearam-no membro honorário e atribuíram-lhe a medalha Schauwecker; os Franceses nomearam-no Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras.
René Kaech era um germânico típico, de rosto «bâlois» – o que eu ouso constatar, já que sou de nascimento «bâloise» – e um muito agradável e competente cidadão do mundo.
Texto de Edouard Kloter
(tradução de Carlos Vieira Reis)
 
Como testemunho da sua fluência em língua portuguesa, transcrevo a primeira página de três artigos que Kaech publicou nesta língua e que se encontram na Biblioteca Nacional de Lisboa. Repare-se que esses artigos se referem ao magnetismo de Messmer. Também ele exercia esse magnetismo sobre os amigos.
 
Ainda o conheci bem e era meu particular companheiro em muitas andanças.
Recordo com saudade a nossa ida a Capri e aquilo que ele me dizia quando sentados numa esplanada descansávamos um pouco do dia socialmente pesado que levávamos já. Face à multidão de turistas que invadiam a ilha e tudo que era espaço, face ao manifesto desinteresse com que grande parte deles olhava para toda aquela beleza, Kaech comentava em português – «já reparaste, Carlos, como os turistas são feios?» E neste «feios», fazia um retrato completo do turismo de massas, organizado e conduzido como um rebanho.
Carlos Vieira Reis